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SOBRE ANTONIETA DE SOUZA ALCÂNTARA

ANTONIETA DE SOUZA ALCANTARA nasceu na cidade de Juazeiro, no estado da Bahia em 06 de abril de 1937. Em 1971 já com 34 anos, veio para São Paulo, onde se instalou primeiramente no Parque Boa Esperança, em um terreno comprado com seu marido Benedito José Custódio de Alcântara, com quem casou-se aos 16 anos de idade. Já com 10 filhos, não conseguiu manter-se neste terreno por problemas financeiros, mudou-se para o lote Jardim das laranjeiras.

Dona Antonieta não tinha instrução escolar e sempre morou de aluguel, passando por diversas necessidades com seus filhos. Tão logo chegou, ficou horrorizada com os problemas sociais que encontrou no bairro que até então estava totalmente abandonado pelas autoridades municipais.

Tomando iniciativa para exigir melhorias para o bairro organizando reuniões com os moradores, fez abaixo-assinados, dirigindo-se até a prefeitura que na época situava-se no bairro de Itaquera, com mais algumas mães, conseguindo que uma vez por mês, fosse enviados ônibus para levar as crianças do bairro até parques regionais, que eles não conheciam, como Parque do Carmo, Parque da Agua Branca e o Jardim Zoológico.

Depois de todos esses esforços e vários anos de lutas, as melhorias começaram a surgir. As primeiras benfeitorias foram: pavimentação, rede de água, esgoto e luz no decorrer dos anos de 1979 a 1980. Neste período, ela percebeu a necessidade da construção de escolas na região, que até então não possuía nenhuma unidade educacional.

Em contato com o Padre Tiago, do Colégio Tabor, mantido pela Igreja Católica da Região de São Mateus e em conjunto com a comunidade, conseguiu a construção de um Ozem- centro comunitário e recreativo municipal e enquanto não era finalizado a construção desse centro comunitário, juntamente com mais outras duas moradoras ativas da região, fez um curso de pajem cedido pela prefeitura para cuidar dos filhos dos moradores que precisavam trabalhar e não recebiam nada por esse serviço prestado.

Depois de conseguir a construção do galpão para cuidar das crianças, Dona Antonieta conseguiu também em conjunto com a população, a vacinação de crianças da região. Surgiu a oportunidade de fazer um curso que estava sendo proposto aos jovens para aprender a ler e escrever e Dona Antonieta não perdeu tempo, se inscrevendo no curso e começou então seus estudos iniciais.

Certa manhã, em um sábado, Dona Antonieta e seus filhos ouviram gritos para que os moradores saíssem de casa, porque a Prefeitura estava nos terrenos para demolir as casas feitas. Ela saiu de casa e logo depois retornou com os Padres Tiago e Patrick, juntamente com representantes da imprensa para denunciar a demolição e graças a esse esforço, foram mantidos os moradores em seus terrenos.

Dona Antonieta se manteve na ativa, mas distante de envolvimentos políticos, conseguindo inclusive construções de postos de saúde para atender a população e diversas outras melhorias.

Devido as lutas e empreendimentos em prol deste bairro, nossa escola recebeu o nome desta pessoa que sempre lutou bravamente pelos moradores, um reconhecimento digno a esta mulher que mesmo em meio a tantas lutas e agruras da vida, compartilhava da dor e das angústias de todos os que fizeram nosso bairro crescer.

Antonieta de Souza Alcantara faleceu no dia 1° de janeiro de 1984, com 57 anos. Nossa homenagem a esta mulher guerreira e exemplar. *




* Relatos da filha de Dona Antonieta (Cristiane Alcântara)

© 2020- Antonieta de Souza Alcântara por Jonathas Vilarin

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